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Ambiente e Ecologia (3) Artigo 14, publicado no Correio da Serra, Santo Antonio do Pinhal, SP, edição de Dez 2006 © 2005-2018 Fabio Ortiz Jr |
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Capítulo Três: agora para complementar o tema Ambiente e Ecologia. Como já dissemos, a vida na Terra começou de forma muito simples e há muito, muuuito tempo. Ela se organizou (êpa, estou me adiantando!), ou melhor, se estruturou originalmente pela combinação de ingredientes que resultaram num arranjo ligeiramente mais complexo, mas com uma capacidade inédita: a de duplicar-se, reproduzir-se. Estes arranjos ou células primitivas (proto-células) deram início a um processo que não se interrompeu mais, ganhando sempre mais e mais complexidade e variação. Em Latim imperial, “organ” significa “instrumento, engenho”, dando origem e significado a termos mais recentes como órgão, organismo, orgânico, organizar. A evolução (ôps, me adiantei de novo...) daquelas primeiras células criou o que podemos chamar de primeiros organismos sobre a face da Terra. É claro que isto se deu em meio aquático (sem água, a vida conhecida não é possível), assim como é certo que estes primitivos organismos eram indivíduos de uma só célula (unicelulares). Mas em algum momento a vida descobriu que certas associações poderiam ser mutuamente vantajosas para os indivíduos unicelulares, o que resultou em um novo salto de qualidade: células se associaram para formar uma nova entidade, a dos organismos multicelulares. Os amantes da Biologia, o “estudo da vida”, (“bio”, em Grego, é “vida”) têm um vivo interesse pelos sucessivos níveis de organização que a vida foi desenvolvendo desde seu início. A Ecologia (como vimos, o “estudo do lugar onde se vive”) interessa-se mais exatamente pelos níveis de organização da vida chamados de organismos, populações, comunidades, ecossistemas e biosfera. Vimos também, nos artigos anteriores, como isto é fortemente condicionado pelo ambiente. Recapitulando, vimos a Ecologia como “o estudo científico das interações que determinam a distribuição e abundância dos organismos”, ou seja, o estudo das interações dos organismos com seu meio ambiente, que por sua vez determina a distribuição e abundância, no espaço e no tempo, destes mesmos organismos. Em níveis crescentes de complexidade, como se ao olhar estivéssemos flutuando para cada vez mais alto, podemos simplificadamente entender que: - organismo é qualquer sistema biológico funcional, seja o indivíduo unicelular ou multicelular; - população é um grupo de indivíduos da mesma espécie, que se reproduzem por cruzamentos entre si e que vivem em um local e momento determinados; |
- comunidade é o conjunto dinâmico de todas as populações de organismos das espécies que vivem em um determinado local e momento; - ecossistema é o sistema funcional definido, num local e num momento, pelo conjunto das relações complexas entre os organismos (as comunidades biológicas) e seu meio físico (solo, clima etc); - biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas naturais. É também entendida como a parte da Terra capaz de sustentar a vida (aquela camada dos fragilíssimos 20 Km que vão desde os 10 Km de altitude até os 10 Km sob o nível do mar). Como se pode compreender, em cada nível surgem novas propriedades inexistentes nos níveis anteriores e ainda assim qualquer organismo, qualquer indivíduo, pode ser localizado em cada um e em todos estes níveis de organização da vida. Os naturalistas Charles Darwin (inglês, 1809-1882) e Alfred Wallace (galês, 1823-1913) apresentaram em 1858 a teoria da seleção natural. Darwin, em 1859, publicou “A Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural”. Desde então nossa visão da vida e do planeta mudaram, para melhor e para sempre, e uma moderna compreensão da Ecologia tornou-se possível. Conceitos como espécie e população, habitat e nicho, interação entre espécies, comunidades e biodiversidade, organismos especialistas e generalistas, biomas e ecossistemas, sucessão de espécies, homeostase e resiliência, puderam ser gradativamente construídos como ferramentas para o grande conhecimento do surgimento e da manutenção da vida sobre o nosso planeta. A compreensão trazida pelo produto dos ousados e persistentes esforços de Darwin e Wallace, a compreensão dos mecanismos da seleção natural e da evolução, tem-nos permitido conhecer não só o nosso passado e o da vida em geral, mas também (re)conhecer nosso presente, nossos desafios e especular sobre os futuros possíveis e as armadilhas a evitar, se a tanto se nos der engenho e arte. A clássica indagação “quem somos, de onde viemos e para onde vamos” permanece mais válida do que nunca e talvez nunca consigamos respondê-la por completo. Mas, felizmente, esforços como estes que vimos têm-nos ajudado em muito a avançar. Um provérbio chinês ensina: "Se você quer conhecer seu passado, olhe sua condição atual. Se você quer conhecer seu futuro, olhe suas ações atuais." No próximo capítulo trataremos de ecologia e educação. |
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