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O Rei Está Nu: Fragilidades e Desafios Artigo 60, publicado no Correio da Serra, Santo Antonio do Pinhal, SP, edição de Mai 2011 © 2005-2018 Fabio Ortiz Jr |
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É difícil demonstrar como, diante dos desafios destes vertiginosos tempos, estamos todos nus: isto significa expor nossas fragilidades; e, por uma estranha razão, temos enorme dificuldade em com elas nos defrontarmos, sejam nossas fragilidades individuais, sociais ou mesmo como espécie. A metáfora do rei nu é perfeita para evidenciar a distinção entre os caminhos que podemos escolher: a vaidade e a presunção a nos guiarem rumo à iniquidade ou então o olhar puro, isento de corrupção, a iluminar os meandros da vida e nossos passos de eterno infante. O olhar de um verdadeiro cientista, pesquisador, pensador, sem ingenuidades, é semelhante ao olhar de uma criança, sempre aberta à realidade e à sua imaginação criativa. Convém aqui recapitularmos algumas reflexões, como a do artigo Educação e Ambientalismo (Nov 2007): “como já vimos, o nosso sistema de crenças dirige a maneira como vemos a nós próprios, os outros, nossas relações com eles e com o entorno, seja físico ou social. Quando estabelecemos estas relações, criamos também um modo de viver (modus vivendi), uma “filosofia de vida”, uma forma de nos apropriarmos dos recursos de que necessitamos e daquilo que nos cerca, ou seja, determinarmos aquilo (as relações) a que chamamos de economia e de política, estejamos ou não conscientes disto. Neste sentido, o sistema de crenças e a ação consequente, as relações estabelecidas, a filosofia de vida, a política, a economia, a educação são aspectos do mesmo problema: nós.” No artigo Democracia e Utopia (Dez 2008) apontamos que “são as respostas e as ações (conscientes ou não, saudáveis ou doentias) decorrentes daquelas perguntas essenciais acima (quem somos, de onde viemos, para onde vamos) que fazem do mundo humano aquilo que ele é. A maneira como vemos a nós mesmos e aos outros, a maneira como estabelecemos nossas relações e nos apropriamos dos espaços vitais, podem ser compreendidas pelos aspectos do conhecimento (pontos de vista sobre a realidade) a que chamamos de filosofia, psicologia, geologia, ecologia, economia, política.” Já nos artigos Educação e Ambientalismo (Jan 2008), Sustentabilidade e Cidadania (Ago/Set 2008) e Uma Síntese Necessária (Set 2009/Jan 2010) afirmei que “sem curiosidade e esforço não há conhecimento, sem conhecimento não há critério, sem critério não há escolha, sem escolha não há liberdade, não há cidadania; o motor de tudo, a coragem.” Acrescentei ainda que “ao longo deste século XXI o enfrentamento destas mudanças demandará empregarmos todo o nosso conhecimento, sim, e mais, o atual e o futuro; demandará tecnologia, sim, mas demandará (e provocará) sobretudo mudanças na maneira como vemos a nós mesmos, na maneira como nos apropriamos dos espaços, como desenvolvemos nossas relações pessoais e sociais, nosso conceito de propriedade e nosso modo de produção.” Assim, para melhor perceber e compreender a dimensão e a complexidade dos desafios a que me referi, será necessário refletir nos próximos artigos |
sobre alguns aspectos de nossa realidade humana e de como nos apercebemos da realidade física em que estamos imersos, como: - o processo do conhecimento: de sinais a sabedoria; - o método científico; - o mito da neutralidade científica; - verdades e mentiras sobre o aquecimento global; - sobre gafanhotos e jardineiros; - a fragilidade sob o manto da opulência; - a apropriação do público pelo privado; - a distribuição da riqueza produzida; - o princípio da gota no lago; - os tipos de governo: nação, país, estado e governo não são sinônimos; - sobre o papel do predador e da catástrofe; - a mudança no Código Florestal; - e, mais localmente, o turismo em Santo Antonio do Pinhal: o desejável, o real, o possível. Refletir sobre a nossa crise civilizatória, local ou global, significa, sim, abordar temas como tempo, conhecimento, método científico, ecologia, educação, economia, cidadania, política, ambientalismo etc, evidenciando como, diante destes desafios, estamos todos nus: - ocupar de maneira sustentável os territórios necessários à nossa sobrevivência; - prover fontes de energia sustentável para o desenvolvimento; - prover moradia digna para todos; - educar a todos, principalmente as novas gerações; - desenvolver ocupação digna para todos; - erradicar a miséria; - alimentar bilhões de pessoas; - desarmar milhares de armas atômicas e nucleares e bani-las; - superar o capitalismo. Conter a explosão demográfica, o desmatamento, a extinção de milhares de espécies e as crônicas crises econômicas e suas guerras será mera decorrência desta heróica superação. Defrontarmo-nos corajosamente com nossas fragilidades, longe de nos enfraquecer, pode nos proporcionar o caminho para o encontro de nossas reais forças e para a libertação. |
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