|
À guisa de apresentação
(pós-escrito, Dez 2006)
a
Vilvanita Dourado de Faria Cardoso, pelo norte,
a
Marcel Bouquet, pela luz,
a
Carmem Lucia Soares, pelo caminho.
Mestres
e, sobretudo, educadores.
© 2005-2018
Fabio Ortiz
Jr |
|
Esta
coleção
de
artigos
foi
primeiramente
pensada
como
uma
contribuição
mensal
ao
jornal
Correio
da
Serra,
recém-criado
quando
conheci o
município
de
Santo
Antonio do
Pinhal,
no
começo
de 2000.
Bastaram-me duas
ou
três
visitas
à
cidade
e algumas
conversas
afortunadas
para
perceber
a
necessidade
e a
importância
da
valorosa
iniciativa
de Claudemir
Oliveira,
o
Viola,
dono
da
Viola
Pães
&
Doces,
e de
Ana
Paula
Costa,
jornalista
e
dona
da Casazul
Modas,
que
juntaram
forças
na
criação
de
um
informativo
independente
e
sério,
voltado
para
o
amplo
interesse
da
comunidade
local.
Tanto
quanto
me
lembro, meses
depois,
em
visita
à
redação,
ofereci-me
para
colaborar
graciosamente
com
o
jornal,
criando uma
coluna
que
procurasse
esclarecer
a
população
quanto
aos
riscos
de vermos perdida
talvez
a
derradeira
oportunidade
para
a
criação
de
um
futuro
minimamente
saudável
para
Santo
Antonio. A
Ana,
generosamente,
aceitou de
imediato
e aguardou.
Os
temas,
eu
supunha, deveriam
ser
tratados
e
desenvolvidos
de
forma
a
aliar
seriedade
e
leveza,
conteúdo
denso
e
facilidade
de
compreensão.
Não
sei se consegui e há
aqui
algumas
explicações
que
julgo necessárias.
Primeiro,
eu
ainda
morava e trabalhava
em
São
Paulo.
Segundo,
ainda
não
tinha
a
visão
suficientemente
clara
do
que
pretendia
realizar
com
a
aquisição
do
sítio
feita
em
Abril
daquele
ano
(foi
muito
interessante
observar
a
evolução
das
idéias
nos
meses
subseqüentes).
Terceiro,
os
anos
seguintes
foram
tão
pródigos
em
atribulações
e
dificuldades
de
toda
ordem
que
só
por
milagre
(aliás,
uma
sucessão
deles) o
sonho
não
se inviabilizou. De
sorte
que
foi
somente
em
Agosto
de 2005
que
encontrei
tempo
e
tranqüilidade
para
escrever.
Como
poderá
ser
percebido no
decorrer
da
leitura,
nos
primeiros
quatro
artigos
ensaiei, tateei numa
possível
aproximação
cautelosa
entre
um
público
indefinido
(já agora
regional)
e o
conhecimento
que
desenvolvi
em
mais
de
cinco
décadas
de ricas e dramáticas
experiências.
Mas
eles
serviram
|
bastante
bem
para
diluir
minhas
dúvidas
sobre
o
que
escrever
e
para
quem.
A
partir
do
quinto
artigo
minha
escolha
estava
feita:
formadores
de
opinião,
agentes
de transformação.
Devo
confessar
que
minha
oferta
de
colaboração
não
era
tão
desinteressada
quanto
poderia
parecer
lá
nos
primeiros
parágrafos
acima.
Depois
de
viver
50
anos
em
São
Paulo,
viajar
muito
pelo
Brasil e
um
tanto
pelo
mundo,
ser
geólogo
depois
de
ser
editor
e
livreiro,
mais
tarde
analista
de
sistemas
e
consultor
de
corporações,
mas
sempre
sobretudo
professor,
agora
retomando as raízes das geociências
pela
visão
ambientalista
para
resultar
enfim
em
um
educador
ambiental, decidi
viver
os
próximos
50
em
Santo
Antonio e
sua
bela
região,
por
certo
acaso
felizmente
esquecida
pelo
“crescimento
econômico”
nos
últimos
30
anos.
Interessa-me
que
as
pessoas
compreendam
que
não
é
possível
ocupar
desordenadamente os
espaços
vitais,
não
é
possível
apropriar-se predatoriamente dos
recursos
que
a
natureza
ainda
oferece,
não
é
possível
eliminar
outros
seres
e outras
espécies
como
se fossem
lixo,
não
é
possível
pensar
que
tudo
é
como
sempre
foi
ou
que
será
sempre
como
é,
não
é
possível
consumir
a
vida
do
planeta
Terra
e
esperar
que
tudo
continue a
parecer
que
sempre
estará
bem
e
imutável,
não
é
possível
prosseguir
neste
modelo
insano
e
irresponsável
de “desenvolvimento”
e “progresso”
sem
aniquilar
qualquer
expectativa
de
futuro
para
as próximas (e
talvez
poucas)
gerações
que
nos
sucederão.
Penso
mesmo
que,
no
ritmo
em
que
a
carruagem
desanda, provavelmente
nós
mesmos
pagaremos o
preço.
É
terrível
e é
real.
Quanto ao
sítio,
nele
eu
e algumas
pessoas
de
muito
boa
vontade
estamos, com a tenacidade que a esperança alimenta, criando
um
centro
de
educação
e
pesquisas
ambientais.
Receberemos
crianças,
estudantes,
turistas;
afinal,
mantemos e nutrimos a
esperança
de
futuro,
mas
com
os
pés
no
presente. |